Dentadinhas

sábado, abril 02, 2005

indiferença

Oito horas da madrugada de sábado, e o taxista quer conversa: “Que situação essa do papa, hein!?!”, comenta.
Monossilabicamente, balbucio um “É...”, bem sem graça, em um tom de quem está contrariada, mas simplesmente porque não quer assunto.
Só que ele resolve interpretar o porquê de uma resposta tão sucinta: “A moça, pelo jeito, não é católica, né?”.
Com sono, mal-humorada, conto mentalmente até três e, com um metálico sorriso amarelo, esclareço: “Sou atéia”.
Eis que ele rebate, apavorado: “Atéia? Tão novinha... e atéia?”.
Mal consigo acreditar no que escuto. A solução é permanecer muda apesar de minha vontade de esbravejar um “haja paciência!”.
Ah, o taxista ainda deu uma risadinha, mas, pelo menos, o assunto morreu ali.
E Carol Wojtyla faleceria umas oito horas depois desse fantástico diálogo matinal.