Dentadinhas

sábado, abril 30, 2005

nostalgia

Passarei 24 horas do meu findi em Butiá. Tô indo pra lá daqui 40 minutos. Vou matar a saudade do meu quarto com as bonecas e ursinhos de pelúcia de minha infância e poltrona em que eu lia Érico Veríssimo e Álvares de Azevedo em minha aborrescência. Volto pra casa também para não esquecer como é bom ser mimada. E porque quero colo.

segunda-feira, abril 25, 2005

cálculo

sem dúvida alguma, foi a nota mais baixa de meus quatro anos e alguns meses de ufrgs: 7,9. vergonhoso, eu diria. por outro lado, nunca imaginei q eu fosse ficar tão sinceramente contente com uma nota tão medíocre assim.

Hobsbawm

É quase de promiscuidade a relação entre o jornalismo e a história, no meu entendimento. Isso porque o jornalismo age até o limite da história: enquanto ao primeiro só interessa o atual, quando um fato perde esse apelo passa ao domínio da história. Por outro lado, o jornalismo pode e deve se debruçar sobre fontes da história (e o faz constantemente ancorado pelo que, no “jornalês”, chamamos de “gancho”) bem como a história pode buscar no relato jornalístico uma fonte para sua pesquisa.
Escrevo isso porque, pelo menos no jornalismo, o uso de adjetivos e juízos de valor é algo totalmente rechaçado. Não é à toa que sempre pensei que os relatos históricos tinham de ser tão objetivos quanto um bom texto jornalístico... até ler Hobsbawm.
Em “A Era das Revoluções”, me chamou bastante a atenção o fato de não terem sido dispensados adjetivos. Por ex., no capítulo “A Ideologia Secular”, ele escreve: “O filosoficamente débil John Locke, mais que o soberbo Thomas Hobbes, continuou sendo o pensador favorito do liberalismo vulgar”.
Frase interessantíssima. Adorei. Apesar de ter sido conquistada pela obra logo na primeira frase do primeiro capítulo: “A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso”.
Aquela velha história: instiga teu leitor que, quando ele se der conta, já estará enrolado no fio narrativo que o conduzirá à última linha.
Assim aconteceu comigo, e então encontrei a primeira resposta: o mundo conhecido era menor. “Era menor geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem informados da época conheciam somente pedaços do mundo habitado.” Algumas linhas depois, a segunda resposta: o mundo era, para a maioria dos seus habitantes, incalculavelmente grande. “A simples dificuldade ou incerteza das comunicações faziam-no praticamente maior do que é hoje.”
No entanto, mas não menos previsível, minha preferência é pelo trecho em que Hobsbawm discorre sobre as cidades de província à época. Eram as mesmas “para onde rumaram o inspetor-geral de Gogol, a fim de aterrorizar os ricos, e Chichikov, decidido à compra de almas (...) Mas foi também destas cidades que saíram os jovens e ardentes ambiciosos para fazer fortuna ou revoluções, ou as duas coisas ao mesmo tempo”. Como Robespierre, Babeuf, Napoleão.
Simplesmente genial.

sábado, abril 23, 2005

vôo

Sou apaixonada pela frase final de O Vôo da Rainha: "VOAR RUMO AO VAZIO É SEU ÚNICO ORGULHO, E TAMBÉM SUA CONDENAÇÃO".
Na verdade, tenho um carinho especial por toda essa obra do Tomás Eloy Martínez, com suas menções a Borges, Cortázar e à podridão do "amor" e do jornalismo.
Só não divago mais sobre o livro pq já tinha feito um pouco disso em um outro post.

sexta-feira, abril 22, 2005

voltei...

mais de uma semana sem atualizar o blog. era greve...
findo o movimento grevista, sinto-me então na obrigação de contar que toh lendo “memórias do subsolo”, do dostoiévski, e confessar q estou adorando, apesar de todo meu preconceito àqueles q dizem gostar de autores russos. quem diria, eu recomendo.
outra coisa: a prova de cálculo tinha cinco páginas. ou seja, que saudade da fabico!

domingo, abril 10, 2005

itens

Por itens, para imitar a Deza:
1 - Eu costumo dizer que eu não me imagino economista, que eu não quero o diploma, mas que vou cursar uns semestres do curso p/ aprender economia o suficiente p/ entrevistar um economista (sem ser enrolada por ele) e escrever sobre isso.
Mas eis que, semana passada, um economista me perguntou seriamente por que eu não largava o curso, “já que tu não gostas de economia”. Quase entrei em deprê depois de uma espécie de “conselho” como esse.
Deixo claro então: não é que eu não goste de economia. Minha ojeriza é apenas em relação a aulas de madrugada e a cálculos. Estou amando, por exemplo, estudar história econômica.
2 – Fiquei bem chateada por ter faltado a uma aula sobre Marx, na quinta. Na verdade, até pensei em ir, mas provavelmente eu teria vomitado (eca!) em cima do prof. HEHE. Sério, eu tava muito doentinha. Pior que isso: não tinha ninguém pra cuidar de mim.
3 – Essa semana eu entro na TPM (conseqüentemente, meu nick, no messenger, será algo do gênero “van ::: chorar emagrece?”). É uma pena, pois tô tão de bem com o mundo. Vivendo uma fase sublimeeee, eu diria. “Mente quieta, coluna ereta e coração tranqüilo.” Principalmente coração tranqüilo.
4 – Palavras do professor de Introdução à Economia, na aula de sexta: “Não se entende o mundo só através da economia. O bom economista tem que saber história, matemática, estatística, política...”.
5 – Na quarta eu tenho prova... de Cálculo. É preciso dizer mais?
Sim, é. Que todos tenham uma semana cor-de-rosa.

domingo, abril 03, 2005

teimosia, burrice e obesidade: minha sina

Em "Para Além do Bem e do Mal", Nietzsche alerta:
“Quantos problemas nos tem levantado essa ânsia de verdade! Quantos longos problemas insólitos, graves, duvidosos! (...) Que perplexidade poderá provocar o fato de acabarmos por nos tornar desconfiados, de perdermos a paciência, de nos agitarmos impacientes? (...)
Considerando que queremos a verdade: Por que não havíamos de preferir a não-verdade? Talvez a incerteza? Quem sabe a ignorância?”
(ed. Martin Claret, p.33)
Mesmo assim, insisto: POR QUE T-O-D-O-S OS HOMENS NÃO PRESTAM?
Não bastasse, para abrandar meu ódio, resolvo então me acabar no chocolate e ficar obesa e conseqüentemente burra, pois serão destinados à academia preciosos minutos que seriam aproveitados na leitura. É minha sina, enfim!

sábado, abril 02, 2005

indiferença

Oito horas da madrugada de sábado, e o taxista quer conversa: “Que situação essa do papa, hein!?!”, comenta.
Monossilabicamente, balbucio um “É...”, bem sem graça, em um tom de quem está contrariada, mas simplesmente porque não quer assunto.
Só que ele resolve interpretar o porquê de uma resposta tão sucinta: “A moça, pelo jeito, não é católica, né?”.
Com sono, mal-humorada, conto mentalmente até três e, com um metálico sorriso amarelo, esclareço: “Sou atéia”.
Eis que ele rebate, apavorado: “Atéia? Tão novinha... e atéia?”.
Mal consigo acreditar no que escuto. A solução é permanecer muda apesar de minha vontade de esbravejar um “haja paciência!”.
Ah, o taxista ainda deu uma risadinha, mas, pelo menos, o assunto morreu ali.
E Carol Wojtyla faleceria umas oito horas depois desse fantástico diálogo matinal.