Fui recebida pelo mestre Izquierdo duas vezes. A primeira foi em sua sala do departamento de Bioquímica da Ufrgs. Era uma estudante entrevistando um grande cientista para um reles trabalho de faculdade. Ganhei a simpatia dele quando descobriu em mim uma leitora voraz de Borges - ele sim, o mestre dos mestres.
A segunda foi em sua casa, na zona sul. Eu já estava na ZH, ele já tinha trocado a Ufrgs pela PUC. Visitei sua biblioteca. Naquela uma hora de entrevista, saí de lá morrendo de inveja da pessoa que um dia escreverá as memórias do cientista da memória. Escrevi um perfil dele para o caderno Globaltech.
Aliás, sempre gostei de perguntar para os leitores verozes de Borges qual é o seu conto preferido dele. O de Izquierdo é o mesmo meu, "Funes, o memorioso".
Tá. Esse nariz-de-cera é pra dizer que a Piauí deste mês traz uma bela reportagem sobre o Izquierdo (inclusive, com fotos do Kadão). Uma palhinha:
"Para Izquierdo, a pessoa não deve esquecer aquilo que a incomoda, mas manter essa lembrança fora de alcance para poder viver. Freud deu a esse mecanismo o nome de habitação, tratamento psicoterápico de extinção consciente de um trauma, fobia ou lembrança fortemente desagradável.
(...)
Perdemos memória constantemente, para darmos lugar a outras, novas. Izquierdo cita um colega americano, James McGaugh: 'O aspecto mais notável da memória é o esquecimento'. Já Bobbio diz que 'somos aquilo de que nos lembramos'. Izquierdo acrescenta: 'Somos aquilo que conseguimos lembrar'."
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Perdemos memória constantemente, para darmos lugar a outras, novas. Izquierdo cita um colega americano, James McGaugh: 'O aspecto mais notável da memória é o esquecimento'. Já Bobbio diz que 'somos aquilo de que nos lembramos'. Izquierdo acrescenta: 'Somos aquilo que conseguimos lembrar'."
Sim, é verdade, estou na fase ''em busca do brilho eterno de uma mente sem lembranças".
E foi muito bom dar de cara esta matéria hoje. Porque, pelo que entendi, significa que eu vou conseguir.
Eu estou conseguindo.
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