Caraguatá
Bubu é um l-i-n-d-o cavalo da raça quarto de milha com pelagem alazã. (O pêlo dele, diga-se de passagem, brilha mais que o cabelo de muita gente.)
Só que ele foi mal domado: tende a ir para um lado, a esquerda. Mas é bem mansinho, e, por isso, sempre que vou à chácara de meus pais (que fica a uns 15 quilômetros do centro de Butiá), o Bubu é encilhado especialmente para mim.
A sorte dele é que não costumo aparecer muito por lá e, quando vou, fico no máximo umas três horas. É que, pelo jeito, o Bubuzinho não gosta muito da forma ‘meiga’ pela qual eu o chamo. Na verdade, o nome dele é Bugrão – “nome de cavalo macho”.
Estou contando isso porque, apesar de todo esse meu carinho por ele, o desgraçado me derrubou.
Ocorreu no último domingo, e foi hilário: era uma ladeira, e o Bubu estava correndo bastante; eu queria que ele fosse pra direita; ele, p/ variar, queria ir pra esquerda; eis que perdi as rédeas e me espatifei no chão. Finalmente, o cavalo se vingou pelo apelido.
Pior é que até o meu pai concordou, indiretamente, que a culpa foi minha: “Tava correndo por quê?”, censurou-me.
Mas o trágico mesmo foi o desafiador olhar irônico que o Bubu me lançou quando eu tava no chão. Como quem diz: “O q aconteceu? O q tu tá fazendo deitada sobre um caraguatá?”.
É que, p/ amortecer o impacto, tombei exatamente em cima de um caraguatá. Isto é, uma maldita planta com ESPINHOS. Sorte a minha, neh?